terça-feira, 4 de novembro de 2008

Tanto silêncio...

Falar...
Falar de quê e porquê?!
Por vezes pergunto-me porque temos de falar, porque temos de dizer às vezes as coisas óbvias?!
Se alguém está em silêncio muito tempo, logo se pensa que alguma coisa se passa... alguma coisa aconteceu!
Confesso que por vezes alguns silêncios são arrasadores... penso no que estará a acontecer, o que fiz, ou pior, o que não fiz!
Há-de chegar um momento em que seremos capazes de falar sem palavras... mas agora...

Porquê este silêncio?!!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Lao Tzu - 78

“Nada no mundo
é tão suave e produtivo como a água.

Mas para atacar o duro e inflexível,
nada a ultrapassa.

Não há nada como ela.
O fraco supera o forte;
o suave supera o duro.
Ninguém desconhece isto,

mas poucos conseguem pô-lo em prática.
Por isso o Mestre mantém-se
sereno no meio da tristeza.

O mal não pode entrar no seu coração.

Porque ele desistiu de ajudar,
ele é a maior ajuda para as pessoas.

Palavras verdadeiras parecem paradoxais.”


78

"Nothing in the world
is as soft and yielding as water.

Yet for dissolving the hard and inflexible,
nothing can surpass it.
The soft overcomes the hard;
the gentle overcomes the rigid.

Everyone knows this is true,
but few can put it into practice.

Therefore the Master remains
serene in the midst of sorrow.
Evil cannot enter his heart.

Because he has given up helping,
he is people's greatest help.

True words seem paradoxical."

Lao Tzu

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Eles não sabem...

"Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,

como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,

como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel.
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Columbina e Arlequim,
passarola voadora, pára-raios,
locomotiva, barco de proa festiva,
alto-forno, geradora, ultra-som,
televisão, desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mão de uma criança. "

António Gedeão

sexta-feira, 20 de junho de 2008

"Seres Invisíveis"?! - Quantos haverá perto de mim?

Porque acho que todos somos dignos de um Bom Dia!, independentemente do valor da conta bancária ou das oportunidades que a vida nos facilita, acho que vale a pena ler e reflectir sobre este texto:
"Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da "invisibilidade pública" "Fingi ser gari por anos e vivi como um ser invisível"Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não està bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são "seres invisíveis, sem nome".Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da "invisibilidade pública", ou seja, uma percepção humana totalmenteprejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-sesomente a função e não a pessoa.Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de suavida: "Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência", explica o pesquisador.O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. "Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão", diz.Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quem os enxerga.. E encontram no silencio a defesa contra quem os ignora.Como é que você teve essa ideia?- Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem academica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.Com que objetivo?A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena publica. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro ni­vel de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis. Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dà a aproximação?Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando là eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas, os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são simplesmente formidáveis.De um exemplo?Nos estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mao. O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: "é Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente està esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar sò por cima de toda a peaozada, segurando a pastinha na mao."Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho jà deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari. Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. é como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba. Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente.As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova jà estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pà e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse sò com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconomica deles.Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.Eles testaram você?No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria toma-lo, e claro, não livre de sensaçoes ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: 'E aì, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar."Essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa"O que voce sentiu na pele, trabalhando como gari?Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejao central. Aì eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro academico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar não senti o gosto da comida voltei para o trabalho atordoado.E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma arvore, um orelhão.E quando voce volta para casa, para seu mundo real?Eu choro. é muito triste, porque, a partir do instante em que voce esta inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, frequento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma coisa.*******************Todo o mundo se sente invisi­vel em algum momento da vida - numa festa de gente de outra tribo, no emprego novo em que não se conhece ninguém. Mas essas são outras invisibilidades, circunstanciais, e portanto passageiras, reversíveis. O estudo de Braga é sobre uma invisibilidade tao automatizada na sociedade que muitas vezes nem mesmo o ser invisível se dà conta de sua degradante situação. 'Se ele percebe, carece de armas para o combate. Depois de ser ignorado a vida inteira ou, no máximo, maltratado, ninguém anda de cabeça erguida.'De fato, na maioria das vezes, o gari que limpa nossa cidade sò é notado quando falta ao serviço. O ascensorista é tratado como uma maquina que funciona por comando de voz, sem direito a 'por favor' nem 'obrigado'. A empregada doméstica põe o avental, alimenta a fami­lia e deixa a casa organizada anos a fio, mas os patrões mal sabem seu sobrenome, se tem filhos, se està com algum problema. Os únicos cidadãos que vestem uniforme para servir aos outros e ganham visibilidade e reconhecimento são os que estão em situação de poder sobre o interlocutor - médicos, enfermeiros, policiais. 'Algumas profissões estão num nível de rebaixamento absoluto', reforça Braga. 'As pessoas estão habituadas a passar pelos garis como quempassa por objetos', assinala.
Concluída em 2002, a tese agora vira livro lançado pela editora Globo.
TITULO: Homens Invisi­veis: Relatos de uma Humilhação Social
AUTOR Fernando Braga
EDITORA Globo"

quinta-feira, 3 de abril de 2008

3 grãos de feijão

Mais do que muito longo vai o meu silêncio!
Os problemas com o fornecedor de serviço de internet persistem, nada me resta além de esperar que tudo se resolva...

O mais interessante no meio de todos estes contratempos, é que com esta restrição no acesso, consegui arranjar tempo para realizar outras coisas que normalmente ficavam ligeiramente para segundo plano.
Tenho lido muito mais, ouço mais música, aprecio mais a natureza e tudo o que me rodeia. Finalmente comecei a "criar" uma pequena (minuscula) horta num vaso à qual dedico atenção todos os dias, assim como à minha "produção" de flores... é fascinante o que a natureza consegue fazer, e mais ainda quando lhe dedicamos um bocadinho de atenção!
Há tempos alguém comentou comigo um estudo cientifico que tinha lido num livro. Que se tiver 3 grãos de feijão a germinar, se a um dedicar toda a atenção com palavras carinhosas e positivas, a outro não lhe prestar atenção nenhuma e ao terceiro libertar sentimentos de raiva e o insultos, um deles irá morrer, apesar de os "cuidados" e as condições de germinação serem exactamente iguais. Qual será o que não sobrevive?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Aceitar!

Desde há alguns dias que o meu acesso à internet está condicionado por uma falta de entendimento com o operador... ´daí os meus longos períodos de silêncio!
Sendo esta situação alheia à minha vontade, acaba pontualmente por me irritar e até mesmo revoltar!
Sem deixar de tentar resolver a situação, acabo mesmo por ter de aceitar este facto, e adaptar a minha vida a ele...
Isto para dizer que às vezes, por muito que nos perturbe, aborreça ou irrite uma determinada situação, ela acontece por algum motivo que nos é alheio, mas que certamente tem uma "justificação"...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

S. Valentim!

Hoje é dia de S. Valentim!

Confesso que nunca foi um dia que comemorasse com particular destaque.
Nem eu, nem a outra metade da laranja temos por hábito sair para jantar neste dia, nem quando namoravamos. Estava sempre muita confusão, restaurantes cheios, mesas umas coladas às outras que permitem tudo... menos um jantar a dois!
Trocamos normalmente um postal e um jantar, mas nunca no dia 14 de Fevereiro!
Este ano, não será diferente.
Com as novas tarefas de uma vida conjunta e com filhos, o dia de S. Valentim é comemorado a todos os momentos, todos os dias e de formas muito simples: um sorriso sincero, um abraço apertado, um beijo sentido... pequenos "nadas", que dão todo o sentido ao nosso AMOR!
Afinal o que é melhor: "100% do salário de uma pessoa ou 1% do salário de 100 pessoas?!"
Feliz dia de S. Valentim!
Que se prolongue por todos os dias do ano!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Segredo! O que fazer?

O que fazer quando nos pedem segredo?

Suponhamos a seguinte situação:

Três amigos íntimos e comuns uns dos outros.
Um deles tem um "segredo" (que pode ou não ser importante) e que afecta a sua vida exclusivamente e do seu círculo familiar.
Um dia decide partilhar esse "segredo" com um dos amigos, mas não com o outro, pedindo "segredo" e a maior discrição... em hipótese alguma o "segredo" poderá ser partilhado ou mesmo, caso o terceiro amigo suspeite, confirmada a sua existência!

Qual deverá ser a posição de cada um dos amigos quando confrontados pela existência do "segredo"?

Deverá o amigo que tudo sabia ser penalizado por não ter partilhado o "segredo" que não é seu?

Deverá o terceiro amigo cobrar a falta de confiança aos outros dois amigos?

Ou não existe uma verdadeira amizade entre os três amigos?

Ou conforme o "segredo" há uns amigos que poderão entender melhor a nossa posição e até mesmo ajudar-nos a enfrentar esse "segredo" que os outros, sem no entanto deixarmos de sentir uma verdadeira amizade por todos eles?

sábado, 12 de janeiro de 2008

Surpresa!?

Desde que começou esta "febre" dos blogues que, em conversa com os meus botões me pergunto, quais ou quantos dos meus amigos terão um espaço semelhante, em que expõem as suas ideias, manias ou hobies ou até mesmo "paranóias" sem que eu faça a mínima ideia?
Não que o "eu" seja importante ou tenha algum significado especial!
Não, não é isso! Não sou, nem tenho aspiração de vir a ser critica ou comentadora das ideias, gostos ou "paranóias" de quem quer que seja!
É mesmo curiosidade pura e talvez até uma necessidade de tentar "entender" e compreender a forma de estar na vida das pessoas que me rodeiam! Julgamentos não os faço! Não sou nada nem ninguém para os fazer...!
Afinal, só estes dias reparei que pouquissímas pessoas sabem que este meu espaço existe... quantos mais haverá?!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Bom dia DIA!

Durante os últimos dois anos, todas as manhãs, tentei que fosse esta a minha "primeira" saudação ao ver a luz da manhã a entrar pela nossa janela!... uns dias consegui dizê-la... outras não...

No segundo dia deste novo ano, desejo conseguir todas as manhãs saudar o dia com convicção, com um "Bom dia Dia!" repleto de fé e esperança e com a certeza que todos os dias são dias bons!

Apesar de todas as dificuldades que o dia me possa reservar, eu tenho sempre que agradecer:

- a capacidade de ver a luz do dia... mesmo que o dia esteja cheio de nuvens!
- a capacidade de me pôr a pé da cama... mesmo que seja com ajuda!
- a capacidade de sentir um beijo nos lábios... mesmo que seja rápido!
...

Afinal, ao chegar à janela todas as manhãs, só posso mesmo continuar a dizer:

Bom dia DIA!!:)